Introdução:
Nós vivemos em tempos de transição, vê-se que as pessoas passam
menos tempo em seus postos de atuação e há uma carência geral de efetividade e
longevidade nos compromissos institucionais e relacionais em nossa sociedade.
Em relação ao Ministério Sagrado não tem sido diferente, a falta de longevidade
e uma real efetividade na igreja local são situações cada vez mais presentes.
Os motivos para mudanças constantes são muitos, desde falta de vitalidade e
amor ao que é sagrado e até mesmo uma filosofia comercial do Ministério. De
qualquer forma cresce o número de “pastores de curto prazo” e sucessivamente o
número de igrejas locais em sucessão pastoral.
Essa mudança exige novas reflexões e traz desafios à teologia
pastoral e a filosofia ministerial, e também reflexões por parte da igreja em
relação às constantes transições que ela enfrenta. A triste realidade é que não
há muitas lideranças em nossas igrejas bem preparadas para conduzir a transição.
Nesse breve artigo quero instigar uma reflexão pensando na
necessidade da igreja local. Eu reconheço que uma parte, talvez menor (pois a
igreja tem sido generosa) dos pastores em transição, saíram de suas igrejas por
questões de politicagem e outros problemas criados pela própria igreja e sua
liderança, que as vezes é muito má. Por outro lado, “acho que talvez” os
maiores problemas que causam a necessidade de saída e transição ministerial são
criados pelos próprios pastores; quando há problemas (guerras) ou para uma boa
parte deles, houve uma clara direção de Deus demonstrando que o tempo alí
terminou. Bom! Seja qual for o motivo, a transição ministerial quer dizer que
determinada igreja local está sem pastor. Agora a questão é: “Deus tem
concedido pastores/mestres para sua igreja” (Ef 4.11) e o Espírito Santo tem
“constituído pastores para cuidarem do Seu santo rebanho” (At 20.28), sendo
assim nenhuma igreja; rica ou pobre, boa ou má, pode se dar ao luxo de ficar
sem pastor. Deus sempre levantou e levantará pastores para sua Santa Igreja (Jr
3.15).
Por essas razões bíblicas, quando uma igreja local fica sem
pastor, é preciso por parte da liderança saber como conduzir o processo e quais
os critérios bíblicos e sugestões da sabedoria divina para ESCOLHER UM PASTOR
ou de forma mais técnica “QUE TIPO DE PASTOR INDICAR PARA A ELEIÇÃO”.
1. Reflexão inicial
Minha sugestão é que logo no início do processo de sucessão, a
liderança promova entre si uma reflexão baseada em algumas perguntas: Que tipo
de pastor Deus quer para nós? Qual o tipo de pastor é mais adequado para uma
verdadeira igreja de Cristo? O que a Bíblia diz sobre um pastor que agrada a
Deus? Em minha denominação há orientações para sucessão pastoral? O que nossa
liderança denominacional pensa sobre um pastor para nossa igreja? Como foi
nosso relacionamento com o pastor anterior? Quais foram nossos acertos e erros?
Como mobilizar a igreja local para buscar em oração um novo pastor?
Essas perguntas nos ajudarão no processo de aproximar nossos
corações do Senhor e Sua vontade e também perceber quando estamos próximos
daqueles que estão sobre nós (nossa denominação) e nos ajudarão a perceber os
sentimentos carnais e precipitados da liderança e da membresia.
Há uma tendência pecaminosa em nossas escolhas ministeriais, daí a
necessidade do nosso coração ser regido pela lei de Deus e pelos sábios
conselhos de homens santos de Deus. É muito comum querermos um pastor que nos
agrade; aquele que me abraça, me visita e come comigo assentado à mesa, vive
sorrindo e contando piada engraçada. Queremos aquele que não nos confronta, que
não quebra nossas perninhas com a vara e muito menos aquele que é apegado à
disciplina. Percebe também uma proeminência de pastores carismáticos
pastoreando igrejas tradicionais. Escolher um pastor conforme nossa imagem é
muito cômodo e fácil; aliás pertencemos a uma cultura que historicamente não
sabe eleger seus líderes.
2. Critérios bíblicos para
escolher um pastor
O perfil criado pela nossa tendência pecaminosa é o perfil de
pastor que o dono da igreja "quer" para nós? Tenho plena certeza e
convicção absoluta que não!
Deus fala conosco que Ele quer um pastor "segundo o coração
Dele" (Jr 23, At 20.17-29). No texto de Jeremias 3.15, Deus revela que ser
segundo o coração Dele inclui ser um pastor que cuida do rebanho com sabedoria
e inteligência. Sabedoria significa o temor do Senhor, andar com reverência (Hb
12.28), servindo de modo correto e agradável a Deus. A inteligência está ligada
ao compromisso de conduzir o povo pelo reto caminho, seguindo a Palavra; talvez
esteja ligado à responsabilidade de docência do pastor. Ele é mestre, prega a
Palavra e não faz nada fora do que está escrito ((Ef 4.11; 1Cor 4.6; 2Tm 4.2).
A maneira como cuida, prega, aconselha e governa é demonstrada pela
inteligência.
Deus quer um pastor íntegro, correto, protetor contra erros e
heresias. Um pastor de oração e bíblico (At 6.4, 1Tm 5.17). A Bíblia revela que
a prioridade suprema de um pastor é a oração, a pregação e a visitação; não é
inventar atividades para diversão e muito menos bajular ovelhas mimadas e
egoístas (At 20.20). Na escolha de um pastor é preciso investigar sua teologia
prática, quais suas prioridades? Suas prioridades e filosofia ministerial se
encaixam ao padrão bíblico?
Segundo o Dr. Arhur Duck: "Se as atividades da igreja não
servirem para cumprir Ef 4. 12-15 não servem para nada e não deveriam ser
incluídas na programação da igreja". Precisamos de um pastor que faça o
que Deus "quer" (1Pe 5.2) e não o que nós sonhamos como caprichos do nosso
ego. Um pastor assim é digno de honra (1Tm 5.17), de respeito, obediência e
imitação (Hb 13.7).
Um bom pastor segue as palavras de 1Tm 4.6; alimentando aos irmãos
com palavras edificantes e boa doutrina e não
seguindo modismos ou coisas que não servem para nada (1Tm 4. 7-11).
Precisamos de um pastor que preside e governa bem a igreja (Rm 12.8; 1Cor
12.28; 1Tm 3.4, 5.17), que tenha a igreja como extensão do seu lar. Esse
governo significa: supervisão, cuidado e disciplina. Em casa ele supervisiona; tendo
a liderança em suas mãos. Ele cuida, amando a esposa e cumprindo suas
obrigações no serviço pesado (1Pe 3.7) e ainda mantém os filhos em disciplina.
Precisamos de um pastor correto e justo nas relações e
administração dos negócios, alguém com boa reputação na sociedade (1Tm 3.7). O
dinheiro não pode fazer seus olhos brilharem e também não pode ser prioridade
na escolha de uma igreja (1Tm 6.10). Você quer conhecer os valores de um
pastor? Descubra o que lhe tira o sono e o que lhe traz gozo ao coração. Ele
não dorme porque lhe falta dinheiro? Por que não tem um bom carro ou não viajou
no último ano? Ou ele não dorme porque deseja ver Cristo formado nas pessoas
(Gl 4.19) ou porque há heresias rondando a igreja? Ou porque o culto foi
antropocêntrico (um show)? Todas essas coisas e mais outras revelam os valores
e do que o coração do pastor está cheio.
Por último, um bom pastor ama a Igreja de Deus. A Bíblia diz que o
“Espírito Santo constituiu pastores para pastorear o rebanho que Jesus comprou
com seu próprio sangue” (At 20. 28). Sendo assim, nada é mais importante do que
a igreja local e o ministério se confunde com a vida do pastor, com seus sonhos
e aspirações. Por isso, ele ama a igreja local e assim como Jesus dá a sua vida
pela igreja e a ama (Ef 5.25), o pastor se dedica ao Ministério em amor.
3. Nossas atitudes para com
o pastor eleito
Mediante essas orientações de Deus suplico em nome de Cristo Jesus
que nós, membros da Sua Igreja sigamos Hb 10.24 e 1Ts 5.12-13; considerando, amando e congregando (Hb
10.25) em apoio ao nosso pastor e nossos irmãos. Também devemos ser leves,
cordiais e amigáveis com nossos pastores, isso para que cuidem de nós com
alegria e tranquilidade, não há nada pior do que ter um pastor gemendo devido à
nossa desobediência e desrespeito (Hb 13.17).
Não aceite acusação e nem fofoca contra o pastor; isso é pecado,
exceto quando há desvio doutrinário e moral (1Tm 5.19; 3Jo 1.9-10). E mesmo
nesses casos há um processo legal; exigindo provas, testemunhas e oportunidade
de defesa, assim sendo ele será julgado pelas autoridades eclesiásticas e não
por nós individualmente.
Por último, devemos ser generosos; seja como membros ou
administradores. A Bíblia ensina que o pastor é digno de receber bem pelo seu
nobre trabalho como Ministro da Palavra (1Tm 5.17-20) e não é correto que ele faça trabalhos
fora ou bicos, pois o Senhor ordena que como vocacionado ele "viva do
evangelho"; essa ordem deveria nos constranger para cuidarmos muito bem
dos nossos pastores (1Cor 9.14).[1] O
pastor que segue a Bíblia entrega sua vida no Ministério, ele sente o peso das
demandas e para cumprir sua responsabilidade como pastor e evangelista se
dedica integralmente, esse irmão é digno de ser bem cuidado e suprido em todas
as suas necessidades.
4. A Lealdade do
Pastor/Presbítero e Missionário(a)
A nossa identidade como indivíduos cristãos está diretamente
associada ao nosso compromisso e fidelidade à Cristo. É a Pessoa e a doutrina
de Cristo que determinam quem somos como pessoa, o que pensamos e como nos
relacionamos com Deus. Essa identidade é inegociável, pois ela explica nossa
razão de ser como ser-humano cristão e aponta para o que seremos na eternidade
em Cristo. Acima de todas as coisas o pastor precisa ser leal a Cristo e buscar
ser parecido com Ele.
Mas há um outro aspecto nessa relação, pois Cristo se manifesta e
faz Sua vontade no mundo por meio da Igreja (Ef 1.22-23). Daí o servo leal a
Cristo também deve dar a vida em prol da Igreja e essa Igreja está no mundo de
forma visível, militante e institucional. No serviço da igreja em prol do Reino
há a necessidade de lealdade, tanto daquele que serve como obreiro local, bem
como daquele que representa essa igreja no campo (missionário).
A lealdade institucional. Devido ao caráter visível,
organizacional e institucional nosso compromisso também é como e com o corpo de
Cristo que está em peregrinação nessa terra. Daí a importância em manter
comunhão com irmãos de outras instituições e estender a destra do
companheirismo para o serviço do Reino. Essa dimensão é mais terrena e
institucional. Ao longo do tempo pela exigência da peregrinação nesse mundo foi
imposto a nós e criado para nós um sistema de relacionamento social. Talvez em
grande medida, uma imposição necessária do estado/nação, servindo como ministro
de Deus (Rm 13), para organizar nossas relações, reprimir o pecado e exigir um
senso de direção e propósito para tudo quanto fizermos nessa presente
existência.
É assim que vejo a importância da denominação e sua razão de ser
no mundo de Deus. Como a denominação é uma instituição social, para o bem
comum e progresso do povo de Deus, ela carece e sobrevive através da obediência
e lealdade dos seus membros. Seus membros foram incluídos voluntariamente na
denominação, isso aconteceu porque se sentiram bem, foram afetuosamente
supridos e de alguma maneira perceberam algum senso de propósito. Ninguém os
forçou ou induziu no processo de filiação, e com a consciência livre assumiram
um compromisso ou até assinaram um documento que rege esse compromisso.
Daí por diante as autoridades eclesiásticas legalmente constituídas
confiaram nessas pessoas e a elas ofereceram através de suas leis direitos e
deveres. Esse compromisso assumido também passou a produzir confiança e amor
mútuo em todos os envolvidos nesse pacto institucional. Passamos a ser um time,
agora lutamos pelo Reino como cristãos e também como membros de uma
organização, bem ajustada e que caminha para uma mesma direção.
Agora juntos, recebemos uma tradição daqueles que serviram nessa
instituição antes de nós, eles nos deixaram um legado e com isso, passamos a
ter costumes, manias e sabemos como é porque fazemos as coisas. Temos segurança
para juntos tomarmos decisões e sabemos que nossa denominação é um lugar seguro
para nossos filhos e netos, porque cremos que ela é a Igreja de Deus,
continuará sendo e pelo apoio dela, pelo alimento que recebemos dela nos
encontraremos com Cristo. Essa instituição é nossa casa, seu povo é nosso povo,
seus acertos e erros, são nossos acertos e erros. Por tudo isso meus irmãos é
que precisamos de pastores conservadores, homens que amam nossa igreja, que se
identificam com ela, que choram por ela e que lutam em prol dela. As ações que
prejudicam esse compromisso, a deslealdade e o não cumprimento das decisões e
normas fazem a instituição sofrer, gemer e se tornar um lugar inseguro.
Divisão é pecado grave. Por essa razão,
fundamentado na Escritura é que tenho plena consciência que a divisão é um
pecado gravíssimo, que desviar nossos costumes e seguir manias do quintal
vizinho e pior ainda não seguir a Bíblia e nossos documentos são afrontas e
atitudes inaceitáveis para um pastor (Rm 14.22). Sempre é preciso lembrar que
facção é uma obra da carne que ofende a Deus (Gl 5.20). Facção é a criação de
um grupo/organização que se rebelou contra um grupo majoritário que exercia
autoridade sobre eles, é aquilo que o Rev. Robinson Cavalcante chamava de
denominacionalismo (criar uma nova igreja sem a benção da anterior).
Quando um pastor conduz sua igreja local contrariando sua
denominação e à revelia ou forma um grupo dissidente esse individuo está
criando uma facção e deverá ser considerado um rebelde. Nunca convide ou eleja
um pastor envolvido em divisão e nem mesmo flerte com pessoas assim, é um
sacrilégio ao serviço do Reino.
5. Há dois tipos de
pastores que devem ser evitados nesse processo:
O pastor populista. O populismo é uma filosofia
política bem presente no ministério de pastores evangélicos no Brasil.
Consciente ou inconsciente há uma boa quantidade de religiosos que adotam
práticas e a postura do populismo. O populismo é uma filosofia que demonstra “apego
e compromisso” com o povo, com as massas. É um tipo de liderança que trabalha
através de ações e projetos que suprem os anseios do povo; segue mais aquele
ditado popular: “a voz do povo é a voz de Deus”. O lema do populista, seja ele
político ou líder religioso é: “vamos cuidar das pessoas”.
Devido a esses pressupostos, os pastores populistas não se
comprometem com a verdade absoluta (normalmente são relativistas), nem com a
autoridade final da Bíblia e muito menos com a disciplina. Esse tipo de pastor
é “amigo de todos”, não se indispõe com ninguém e se incomoda com as normas
estabelecidas e a boa ordem. É notável que o pastor populista não tem interesse
pelo rebanho, ele se preocupa apenas consigo mesmo e usa o sistema para obter
vantagens e em alguns casos para se sobressair em eleições. É certo que o
pastor populista sempre terá vantagens sobre o conservador em eleições, pois
ele é “amado por todos”. “Profeta não se reelege”, como diz o ditado!
A maior desgraça de todas é que esse tipo de líder, por sua ousadia
e falta de ética, sempre se tornará uma sombra para os bons líderes. Basta
olhar a política brasileira e a história de algumas igrejas (em todas as
denominações) que você encontrará a sombra bem nítida de alguns pastores
populistas.
O pastor desleal – chamado
Diótrefes. Meus irmãos, um dos assuntos mais importantes da Bíblia é a
unidade da Igreja. Apesar da Igreja ter muitas partes e membros, ela representa
um só corpo (1Cor 12.12). É uma unidade de fé, simbolizada pelo batismo e
vivenciada na comunhão da Mesa do Senhor (1Cor 10.21). O pastor deve ser o
guardador dessa unidade, assim como o guardador da pureza doutrinária e moral. Que
Nosso Deus promova no meio de nós pastores varonis (1Cor 16.13), fiéis a Cristo
e sua Palavra e também fiéis e leais aos seus colegas e irmãos de lida. Um dos
pontos mais importantes da vida de um pastor leal é o amor à família e o
respeito às instituições e autoridades constituídas por Deus.
Alguns sinais bem simples nos ajudam a identificar pastores
desleais: não se submetem a decisões de seus líderes; desprezam documentos
confessionais e administrativos; diminuem a importância da denominação;
rejeitam o nome da organização que faz parte, criando um nome próprio; não
participa e nem mobiliza seus membros para atividades ou eventos
denominacionais; sua igreja local é muito diferente das principais igrejas da
denominação; o pastor se incomoda demais com críticas e não aceita sugestões;
valoriza uma não identidade para ficar livre e fazer o que quer; convida mais
pastores de outras denominações do que colegas institucionais. Nunca mais
esquecerei a fala de um pastor batista: “Que a Convenção batista vá às favas”!
Que triste! E tudo isso porque ele estava neopentecostalizando a igreja.
As colunas da Igreja, Pedro e Paulo têm uma palavra sobre esses
pastores: “Nós vos
ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não
segundo a tradição que de nós recebestes” (2Ts 3.6) e “Escrevi alguma
coisa à igreja; mas Diótrefes,
que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se
eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós
palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe
os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. Amado,
não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de
Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus”.
O
contrário disso tudo e da firmeza que precisamos ter com gente assim é que
aqueles irmãos que seguem a Palavra, se esforçam pelo bem da Igreja e nos
oferecem a destra de comunhão, precisam ser amados, respeitados e preservados.
Nós precisamos dar a vida e servir lavando os pés daqueles homens de Deus que
pelo amor a Cristo e o bem da Igreja se gastam e sofrem pela causa. Esses
homens devem ser amados e cuidados em todos os sentidos.
6. O pastor auxiliar e/ou
outros cargos de confiança
Em uma república há cargos eletivos e de confiança. Os cargos
eletivos são representativos do povo e somente pelo próprio povo ele pode ser
destituído e no caso de crime o legislativo pode destituí-lo dentro daquilo
exposto na lei. Aquelas pessoas que não foram eleitas pelo povo exercem cargos
de confiança, no caso quem trabalha em diretorias, se submetem ao conselho
administrativo e os outros exercem cargos de confiança dos eleitos ou dos diretores,
estes também estão atrelados ao mandato do conselho. Se são cargos de confiança
suas funções são determinadas pelos eleitos ou diretores e seu mandato está
atrelado aos deles.
As denominações com governo democrático representativo (ex: Igreja
Cristã Evangélica do Brasil, Igrejas Presbiterianas, Igrejas Reformadas,
Igrejas Congregacionais), precisam considerar essa política de governo. Agora
as Igrejas episcopais (ex: Luterana, Metodista, Católica, Pentecostais) todos
os cargos e funções são de confiança, daí todos se submetem ao presidente ou
Bispo Primaz. Se a pessoa que se submete a cargo de confiança não quiser ser
atrelada à autoridade eleita ela precisa buscar cargos eletivos e não de
confiança.
Por essa razão, nas Igrejas com governo democrático representativo
os pastores auxiliares são cargos de confiança do pastor eleito e todas as
lideranças ministeriais também. Pode haver na estrutura denominacional alguma
orientação estatutária sobre a autoridade do Conselho que também é eleito. O
que não é coerente com essa forma de governo é a formação de um colegiado
eleito (governo episcopal) ou submeter um pastor auxiliar ou missionário à
eleição. O que quero dizer é que no governo democrático representativo todas as
lideranças não eleitas devem se submeter à autoridade eleita e a ela auxiliar
para o bom relacionamento e trabalho.
7. Precisamos de pastores CONSERVADORES
Nos últimos dias tenho levantado a bandeira e feito “propaganda”,
anunciando por todos os cantos que as denominações evangélicas precisam de
pastores conservadores.
Não confunda conservador com intransigente, mau-educado,
grosseiro, ditador, ranzinza, fundamentalista ou algo semelhante. Como
conservador me refiro aos pastores que seguem uma filosofia ministerial
fundamentada na Bíblia e uma política eclesiástica em prol da comunidade,
seguindo valores absolutos e as tradições herdadas por essa comunidade a qual
serve. O pastor conservador respeita as autoridades constituídas e busca a
qualidade institucional à luz da Palavra; respeitando o próximo, seguindo a
unidade e defendendo a verdade em amor. Resumindo, ele é ortodoxo na doutrina e
conservador na administração e liderança. Seu principal interesse é fazer a vontade de Deus e não fazer a igreja crescer independente dos meios.
Suas marcas são: a não centralização do poder, fazendo com que as
decisões e ações não girem em torno de si mesmo. Ele sabe que uma liderança
centralizadora não corresponde aos anseios da congregação e também sabe que é
dever de todo líder cristão seguir as autoridades e decisões superiores e ainda
compartilhar responsabilidades com aqueles que Deus chama.
O pastor conservador também desenvolve sua liderança pelas
tradições recebidas. Ele se utiliza dos erros e acertos do passado e de
costumes dos seus antecessores como formas de conhecimento, fazendo uma leitura
com o conselho ou mesa administrativa para planejar o presente e com vistas no
futuro.
O pastor conservador ama a igreja, assim como ele ama sua família.
Ele é conservador porque defende a liberdade de expressão e o direito de todo
individuo, cristão ou não e luta pela causa do necessitado seguindo o exemplo
do seu mestre e dos seus apóstolos. Essa filosofia o leva ao diálogo e o
respeito às diferenças, bem como a moderação com os irmãos e colegas e a mão de
ferro contra os rebeldes e orgulhosos. Todo homem de Deus precisa estar aberto para ser corrigido e lutar para a humilhação do seu ego e mortificação da sua carne.
Ele é um homem confiável, que tem palavra e não faz acordos
politiqueiros e quando cai, por questão de consciência cristã ele se humilha em
busca do perdão divino e se submete a disciplina imposta para punição e
correção. Esse pastor é pecador, comete erros e está em processo de transformação
espiritual. Porém ele é o oposto do liberal, que é libertino; mas também se
opõe ao moderado, que é alheio e da filosofia do “deixa pra lá”.
Conclusão:
O desejo do meu coração e minha oração é que nossas igrejas
locais, independente da denominação, tenham pastores segundo o coração de Deus
e que essas igrejas cresçam em todas as coisas para a glória do Seu cabeça e
chefe; Nosso Senhor Jesus Cristo.
[1] Obs: No texto grego há a ideia de
continuidade; ou seja, o que prega o evangelho vive sendo sustentado pelos
recursos do próprio evangelho.