A
Bíblia revela que há um conselho de líderes que são responsáveis pelo governo e
o bom andamento espiritual do rebanho de Deus. Esse conselho é chamado de
presbíteros, sempre no plural e com algumas características essenciais para a
função (1Tm 5.17; Tt 1.7; 1 Pe 5.1-2; 1Tm 3.2; 2Tm 4.2; Tt 1.9; At 20.17,
28-31; Tg 5.14; At 15.16).
Dentre
esses presbíteros há alguns que são chamados para se afadigarem na Palavra,
seguindo mais de perto a decisão dos apóstolos e sucedendo o ministério
apostólico como Ministros da Palavra (At 6.4; 1Tm 5.17). Normalmente esses
presbíteros que ministram e ensinam são chamados de pastores, isso se deve ao
fato de Efésios atribuir à docência aos pastores (Ef 4.11).
Por
essas razões, o Pastor é mestre e um verdadeiro Ministro. Tem como sua
principal função pregar e ensinar, tanto pela sã doutrina, como pelo exemplo de
vida – na espiritualidade e piedade. Pensando nessas questões de piedade e
docência é que lanço mão de dois deveres do Ministro: Ser irrepreensível e apto
a ensinar (Tt 1.6; 1Tm 3.2). Por isso, o Ministro da Palavra (Pastor) precisa
ser um homem santo[1] e
douto[2]
(culto), pois sem santidade não agrada a Deus e nem verá sua presença (Hb
12.14) e sem a Palavra conduzirá o povo a destruição e miséria espiritual (Pv
29.18; Os 4.6).
A
História demonstra que o esforço para nomear ministros menos capacitados e com
mais habilidade política e “prática” causou igrejas mais mundanizadas,
secularizadas e acostumadas com modismos. A ênfase na prática em detrimento do
conhecimento profundo tem produzido doutrinas controvertidas, heréticas e até
práticas seitarias nos cultos públicos. Também vê-se que o predomínio de
ministros leigos em algumas denominações promovem divisões sem fim e é a
bandeira do movimento neopentecostal, com suas esquisitices.
A
crise atual da Igreja no contexto religioso brasileiro é acima de tudo
teológica/doutrinária, por isso, o que precisamos na verdade é de ministros do
evangelho mais santos e doutos. Homens piedosos, que servem de joelhos com os
olhos ao alto e ao mesmo tempo são conhecedores profundos das ciências bíblicas
e gerais, verdadeiros teólogos; exercendo seu conhecimento na pregação das
Escrituras, na visitação do rebanho, no auxílio aos necessitados e na defesa do
evangelho que foi entregue aos santos.
Um
Ministro não santo governa a igreja com libertinagem e escandaliza o evangelho
do Senhor. Não se submete a ninguém e muito menos a disciplina, seu poder e
domínio é absoluto e sua administração é déspota. Não segue a Escritura e se
apega ao alegorismo e múltiplas interpretações para justificar seus demandos e
libertinagem. É visível homens assim na atualidade, assim como era na Igreja
Medieval. Um Ministro não douto (alguns se orgulham da prática) leva a igreja
para inovações, sem reflexão e nem razão de ser. A quantidade de ministros
aderindo ao neopentecostalismo ou ao movimento de crescimento de igreja é
enorme; hoje é comum encontrar em igrejas e até mesmo de minha denominação
práticas católicas, superstições, estruturas secularizadas, mensagens de auto-ajuda,
interpretações relativizadas da Bíblia, entre outras coisas.
Quero
dedicar algumas linhas para expor dois movimentos (modismos) que vem crescendo
no Brasil e já entrou sorrateiramente em muitas igrejas históricas. O primeiro
é profano e blasfemo, o chamado “Caminho da Graça”. Seu
principal tema é a graça; fundado por um lunático que desdém das Escrituras e
da Igreja de Cristo. Esse movimento é moralmente orientado pela inclusão e
tolerância pós modernas, rejeitam os ensinos da Bíblia sobre a Igreja e as
doutrinas e super valorizam a informalidade (ex: o culto para eles é reunião de
amigos ao redor da mesa, a pregação é conversa sobre qualquer coisa). Não vou
gastar mais tempo com esse grupo, basta acessar sites e youtube para conhecê-los,
é público.
Outro movimento é o chamado MDA (movimento de discipulado
apostólico). No link a seguir você pode conferir a história e perceber que começou
com novas visões do Espírito e não pela Bíblia, também há uma forte ênfase pragmática
(a igreja tem que crescer) - https://www.youtube.com/watch?v=zVSv3wJ7DME.
Os princípios de discipulado são bíblicos e acredito que devem ser
considerados, os problemas estão nas práticas. Eu mesmo participei de uma
conferência em São Paulo e me lembro bem das ênfases em restauração de todos os
dons, curas, crescimento numérico, pregação temática e desejo de ser como a
igreja primitiva.
Tenho em mãos um documento de uma igreja ligada ao MDA, onde diz
que seus discipulandos devem “submissão total”. O ponto onde descrevem essa
submissão é posterior a explicação do MDA, onde se afirma que o discipulado se
desenvolve com o conceito de paternidade e na questão da submissão, o
discipulando deve se submeter ao discipulador da mesma forma como a seus pais.
Me lembro recentemente de visitar uma igreja ligada a esse movimento e um
pastor auxiliar chamava o pastor presidente de “meu pai”.
Outra questão é que no ponto quatro do material dizem que o
discipulando precisa “pensar igual ao discipulador”. É uma corrente de
manipulação e subtraem a liberdade de conciência do indivíduo, fazendo
acreditar que o movimento é de Deus e o único capaz de retornar a igreja nos
moldes primitivos.
Recentemente conversei com um importante pastor batista que entrou
e saiu deste movimento, ele me relatou: “Glauco nós saímos porque percebi que
nossas práticas mudaram muito e todas as igrejas de minha região que aderiram
ao movimento se tornaram neo-pentecostais”. Se não bastasse, no mesmo documento
citado acima, no ponto 5, pede-se ao discípulo “lealdade plena”. Conforme
testemunhas que participaram do movimento “quem discordar das práticas desses
grupos é considerado rebelde por seus líderes”.
Para esses movimentos de crescimento de igreja não há liberdade e
a tradição deve ser rejeitada e colocada de lado. Concluo esse ponto com a fala
de um pastor no culto público sobre sua tradição e denominação: “Eu quero que a
convenção b... vá as favas, não quero nem saber, nossa igreja será como a
igreja primitiva”. Um pastor me testemunhou que ouviu do mesmo líder: “Faço
qualquer negócio para minha igreja crescer”. Lembro-me bem da febre “Igreja com
Propósitos”, depois “Vineyard”, Willow Creek”, “MDA”, “Igreja Emergente” e qual
será o próximo?
O Ministro santo e douto é importante porque todas as práticas
estranhas ao Evangelho de Cristo ou são introduzidas pelo Ministro ou
autorizadas por ele. Sendo assim, um Ministro não douto produz leigos
ignorantes ao Evangelho, suscetíveis ao erro e uma igreja distante da vontade
de Deus e sensível a todo vento de doutrinas e inovações sem fim. Meu apelo é
que a Igreja Cristã Protestante invista e motive seus obreiros ordenados e
leigos a uma vida piedosa e estudiosa das Escrituras e da teologia bíblica,
sistemática e prática. O verdadeiro Ministro da Palavra busca a santidade e
simplicidade, assim como busca ser um teólogo para o pastoreio, evangelização
mundial e qualidade da sua igreja local.
Que o Deus da nossa vocação nos ajude para sua própria glória!
Glória a Deus por mentes como a do Pastor Glauco!! e que o Senhor nos livre desses "movimentos". Fiquemos sempre com as Sagradas Escrituras.
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